Terapia com Amor

sábado, 15 de maio de 2010

FUTEBOL e PSIQUE


As torcidas organizadas seriam uma das formas que os indivíduos encontraram de reafirmação ante a destruição da identidade subjetiva e coletiva. Indiferentes ao clima do ambiente, os torcedores seguem como que tomados por uma
alegria descomunal, cantam gritos de guerra, disparam palavras de ódio contra o rival do jogo e reafirmam o sentimento de fidelidade, “amor” e confiança pelo time.
Em coro, as qualidades dos times também são exaltadas: força, energia, alegria, raça, disposição, mescladas a gritos de ódio contra a torcida concorrente.Os gritos disparados em uníssono, impressionam e chegam a contagiar. Os comportamentos nos permitem observar certa similaridade com outras festas de caráter popular onde os conteúdos predominantes são os “gritos, músicas, movimentos violentos, danças, procura de excitantes que elevem o nível vital, etc.
Enfatiza-se freqüentemente que as festas populares conduzem ao excesso, fazem perder de vista o limite que separa o lícito do ilícito”.
É com essa mistura afetiva de amor e ódio, de uma excitação prazerosa proveniente da identificação com o clube, da tensão dramatizada, que é capaz de ativar um imaginário popular adormecido. Ela recupera conflitos da dinâmica social que no cotidiano são sublimadas pelo comportamento pacífico do cidadão comum. Levanta-se a idéia da disputa entre a força, o poder econômico, contra a raça e a superação.
O furebol mexe com emoções e sentimentos individuais, transformando-os em uma grande manifestação coletiva, levando em consideração, não somente causas externas, como o contexto macro-estrutural e o padrão de sociabilidade, mas também, fatores intersubjetivos da dinâmica grupal, que levam o indivíduo a agir de forma diferente dos papéis que assume no seu cotidiano.
Uma análise interna parece ser oportuna para a introdução do que Freud (1996), chama de psicologia de massas, como sendo uma parte da psicologia social orientada para o estudo do indivíduo como membro de uma raça, nação, profissão, instituição ou como membro de uma multidão que, em ocasiões determinadas, para fins determinados se reúne para cumprir certo objetivo. Sob determinadas situações, e não outras, aparece no indivíduo um fenômeno mental que Freud classifica de instinto social, capaz de promover comportamentos peculiares para a ocasião. A este conjunto de situações e comportamentos peculiares que regulam as atividades de certos coletivos dá-se o nome de grupo psicológico:
“é um ser provisório, formado por elementos heterogêneos que por um
momento se combinam, exatamente como as células que constituem um
corpo vivo, formam, por sua reunião, um novo ser que apresenta
características muito diferentes daquelas obtidas por cada célula
isoladamente “(FREUD, 1996, p. 83).
Os individuos habitam os mais diferentes espaços da cidade, podendo ou não trazer consigo a experiência da violência familiar, social ou institucional, a desagregação da ordem instituída que resulta no comportamento transgressor e a intolerância que é cultivada na própria dinâmica social. Até consideramos que estes componentes do comportamento da torcida organizada guardam suas mediações com o contexto social mais amplo. No entanto, a observação empírica dos fatos mostra que, como membro da torcida organizada, o comportamento do indivíduo ganha contornos mais acentuados.
Entusiasmado, violento, primitivo, heróico; extremado, acrítico, espontâneo, intolerante, exagerado e com ações simples, não adere à bondade, a vê como fraqueza e exige de seus heróis a força e a violência. A noção de impossibilidade desaparece, é conservador e tem respeito ilimitado pela tradição.
A coesão grupal que sustenta estes comportamentos é garantida, segundo Freud (1996), por um instinto de harmonização com a maioria que leva os indivíduos a se contagiarem comos comportamentos do grupo. Quanto maior é o número de pessoas que repetem o mesmo comportamento, mais força o comportamento ganha. O contágio do movimento é tanto mais acentuado quanto mais simples e grosseiro este for. Assim a carga do movimento se intensifica por interação e excitação mútuas.
Freud (1996), fala que a libido é a condição necessária para a unidade do grupo. É
preciso haver confluência de energia libidinal de modo que o indivíduo se sinta mais motivado a confluir para essa energia do que opor-se a ela. Cumpre papel importante na constituição da libido a figura do líder, da idéia ou da coisa, como alguém ou algo que se transforma no próprio objeto do desejo do amor e da energia libidinal do grupo. Os laços libidinais que unem ao grupo só são rompidos em situações de pânico, quando as ordens ou as sugestões originais são substituídas pelos cuidados com a própria vida, onde “os laços mútuos deixaram de existir e libera-se um medo gigantesco e insensato” (FREUD, 1996, p. 107).
O fato é que na desintegração ocorre um afrouxamento na estrutura libidinal do grupo, o indivíduo, antes destemido diante do perigo, sozinho, acha-se envolvido num medo gigantesco ante o pânico. No pânico acontece uma situação em que o individuo é voltado a reconhecer-se como indivíduo pelo medo e pode se desindentificar da massa coletiva ou estar unido a ela pela força da coesão.

O futebol permite aos homens expressar seus sentimentos com mais facilidade do que qualquer outra atividade humana. Pelo menos este foi o resultado de uma pesquisa realizada na Inglaterra pela Fundação de Investigação da Saúde Mental.

Nada menos do que 64% dos homens entrevistados dizem que, ao ver ou jogar futebol, estão mais propensos a compartir seus sentimentos com outras pessoas do que em comparação com qualquer outra atividade.

Um número ainda mais expressivo (75%) afirmou que não vê problema algum em abraçar pessoas do mesmo sexo durante uma partida. Outros 25% dizem já ter chorado por causa do resultado de um jogo.

"É inegável que o futebol tem efeitos positivos sobre o bem-estar psicológico das pessoas. Ele aproxima os homens a partir da abertura que dá ao debate, à discussão", afirma Sandy Wolfson, chefe do departamento de psicologia da Universidade de Northumbria, em Newcastle (Inglaterra).

Além de abraçar os amigos, os entrevistados (70% deles) admitiram que os jogos os deixam preocupados, enquanto 58% detectam que ficam nervosos durante a realização das partidas.

Na pesquisa foram ouvidos 500 homens com idades entre 18 e 70 anos.

Um comentário:

  1. Fui estudante de psicologia, hoje aproveito a experiencia na área para escrever sobre a biblia.

    PS: essa pesquisa foi feita por vc?

    interessante tema. parabens!

    http://www.espacodecristo.blogspot.com

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