Terapia com Amor

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Copa do Mundo: História social e econômica do futebol brasileiro


Surgido oficialmente durante a primeira metade do século XIX, nas universidades
públicas inglesas e, praticado, sobretudo, pela juventude da crescente elite industrial britânica,o futebol ostenta hoje o status de ser a manifestação esportiva mais praticada em todo o mundo.
Enquanto fenômeno de massa, o futebol consolidou-se no Brasil durante as três
primeiras décadas do século XX, popularizando-se em todo o país a partir do eixo Rio/São Paulo, com os primeiros feitos esportivos da seleção nacional. Com o desenvolvimento posterior, os espetáculos futebolísticos foram ganhando a participação importante e singular dos chamados torcedores. Neste sentido, é possível identificarmos que o padrão de sociabilidade dos torcedores nas arquibancadas traduzia-se nas manifestações de apoio ao clube por meio das camisas, dos distintivos, das bandeiras e das manifestações de tristeza e
alegria que caracterizam a derrota ou a vitória.
A partir do final dos anos setenta, este padrão muda para a dramatização das
manifestações, que não se limitam a incentivar o clube, mas também a cobrar do clube e do time mais empenho nas situações de derrota. Neste contexto, a cena futebolística brasileira assiste, a partir dos anos oitenta, formas associativas de torcer, popularmente conhecidas nos dias de hoje como torcidas organizadas..
Porém neste primeiro estágio (1940-1970), as torcidas tinham o objetivo apenas de
incentivar o clube. Muniam-se apenas de uniformes e músicas e não tinham a forma burocratizada que as torcidas cariocas e paulistas assumiriam nos anos 80. Neste primeiro momento, as torcidas se organizavam em torno da figura do chefe ou de um torcedor símbolo que personificava a torcida.
Com o surgimento das torcidas organizadas, o comportamento dos torcedores muda substantivamente, saindo da condição de coadjuvantes e passando a dividir com jogadores e dirigentes a protagonização do espetáculo. É preciso levar em consideração o próprio contexto do Brasil nos anos 70, período que, sob a égide de um estado militar e autoritário, o futebol nacionalizou-se e internacionalizou-se, transformando-se definitivamente em mania nacional.
Transformado em mercadoria, o futebol contou com significativo investimento por
parte do Estado em estrutura de base. Pelos menos 30 estádios em todo o país foram
construídos com recursos do governo federal. Data da década de 1970 a criação da Loteria Federal e a criação do Campeonato Brasileiro de Futebol, fazendo a economia do futebol passar a representar 10% de todo o dinheiro que circulava no país.
Enquanto mercadoria espetáculo, para o consumo de massa, a partir dos anos de 1970, o futebol não só mobiliza grandes contingentes de consumidores, como também complexifica e diversifica as formas de se consumir, onde as agremiações organizadas são somente uma das facetas engendradas pela indústria do espetáculo futebolístico.
o aparelho repressivo que deu suporte ao projeto de desenvolvimento econômico do regime militar de 1964, também trouxe alterações profundas na vida política, social e cultural do Brasil. Segundo o autor, o projeto dos militares agudizou desigualdades econômicas, aviltou condições de vida, institucionalizou a violência, provocando uma desconstrução do tecido social.
A desconstrução do tecido social, ao mesmo tempo em que comprometeu as relações interpessoais, atomizou o indivíduo provocando um esvaziamento da construção de projetos coletivos, lançado-o em processos sociais pautados no vazio político, histórico e identitário.

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