Terapia com Amor

sábado, 23 de janeiro de 2010

Ainda Haiti,por Eduardo Galeano


EDUARDO GALEANO, NA CARTA MAIOR


Matéria da Editoria:
Internacional

20/01/2010


Os pecados do Haiti

A história do assédio contra o Haiti, que nos nossos dias tem dimensões de tragédia, é também uma história do racismo na civilização ocidental. Em 1803 os negros do Haiti deram uma tremenda sova nas tropas de Napoleão Bonaparte e a Europa jamais perdoou esta humilhação infligida à raça branca. O Haiti foi o primeiro país livre das Américas. Os Estados Unidos invadiram o Haiti em 1915 e governaram o país até 1934. Retiraram-se quando conseguiram os seus dois objetivos: cobrar as dívidas do City Bank e abolir o artigo constitucional que proibia vender plantações aos estrangeiros. O artigo é de Eduardo Galeano.

Eduardo Galeano

Data: 19/01/2010
A democracia haitiana nasceu há um instante. No seu breve tempo de vida, esta criatura faminta e doentia não recebeu senão bofetadas. Era uma recém-nascida, nos dias de festa de 1991, quando foi assassinada pela quartelada do general Raoul Cedras. Três anos mais tarde, ressuscitou. Depois de haver posto e retirado tantos ditadores militares, os Estados Unidos retiraram e puseram o presidente Jean-Bertrand Aristide, que havia sido o primeiro governante eleito por voto popular em toda a história do Haiti e que tivera a louca idéia de querer um país menos injusto.

O voto e o veto
Para apagar as pegadas da participação estadunidense na ditadura sangrenta do general Cedras, os fuzileiros navais levaram 160 mil páginas dos arquivos secretos. Aristide regressou acorrentado. Deram-lhe permissão para recuperar o governo, mas proibiram-lhe o poder. O seu sucessor, René Préval, obteve quase 90 por cento dos votos, mas mais poder do que Préval tem qualquer chefete de quarta categoria do Fundo Monetário ou do Banco Mundial, ainda que o povo haitiano não o tenha eleito com um voto sequer.

Mais do que o voto, pode o veto. Veto às reformas: cada vez que Préval, ou algum dos seus ministros, pede créditos internacionais para dar pão aos famintos, letras aos analfabetos ou terra aos camponeses, não recebe resposta, ou respondem ordenando-lhe:

– Recite a lição. E como o governo haitiano não acaba de aprender que é preciso desmantelar os poucos serviços públicos que restam, últimos pobres amparos para um dos povos mais desamparados do mundo, os professores dão o exame por perdido.

O álibi demográfico
Em fins do ano passado, quatro deputados alemães visitaram o Haiti. Mal chegaram, a miséria do povo feriu-lhes os olhos. Então o embaixador da Alemanha explicou-lhe, em Port-au-Prince, qual é o problema:

– Este é um país superpovoado, disse ele. A mulher haitiana sempre quer e o homem haitiano sempre pode.

E riu. Os deputados calaram-se. Nessa noite, um deles, Winfried Wolf, consultou os números. E comprovou que o Haiti é, com El Salvador, o país mais superpovoado das Américas, mas está tão superpovoado quanto a Alemanha: tem quase a mesma quantidade de habitantes por quilômetro quadrado.

Durante os seus dias no Haiti, o deputado Wolf não só foi golpeado pela miséria como também foi deslumbrado pela capacidade de beleza dos pintores populares. E chegou à conclusão de que o Haiti está superpovoado... de artistas.

Na realidade, o álibi demográfico é mais ou menos recente. Até há alguns anos, as potências ocidentais falavam mais claro.

A tradição racista
Os Estados Unidos invadiram o Haiti em 1915 e governaram o país até 1934. Retiraram-se quando conseguiram os seus dois objetivos: cobrar as dívidas do City Bank e abolir o artigo constitucional que proibia vender plantações aos estrangeiros. Então Robert Lansing, secretário de Estado, justificou a longa e feroz ocupação militar explicando que a raça negra é incapaz de governar-se a si própria, que tem "uma tendência inerente à vida selvagem e uma incapacidade física de civilização". Um dos responsáveis da invasão, William Philips, havia incubado tempos antes a ideia sagaz: "Este é um povo inferior, incapaz de conservar a civilização que haviam deixado os franceses".

O Haiti fora a pérola da coroa, a colónia mais rica da França: uma grande plantação de açúcar, com mão-de-obra escrava. No Espírito das Leis, Montesquieu havia explicado sem papas na língua: "O açúcar seria demasiado caro se os escravos não trabalhassem na sua produção. Os referidos escravos são negros desde os pés até à cabeça e têm o nariz tão achatado que é quase impossível deles ter pena. Torna-se impensável que Deus, que é um ser muito sábio, tenha posto uma alma, e sobretudo uma alma boa, num corpo inteiramente negro".

Em contrapartida, Deus havia posto um açoite na mão do capataz. Os escravos não se distinguiam pela sua vontade de trabalhar. Os negros eram escravos por natureza e vagos também por natureza, e a natureza, cúmplice da ordem social, era obra de Deus: o escravo devia servir o amo e o amo devia castigar o escravo, que não mostrava o menor entusiasmo na hora de cumprir com o desígnio divino. Karl von Linneo, contemporâneo de Montesquieu, havia retratado o negro com precisão científica: "Vagabundo, preguiçoso, negligente, indolente e de costumes dissolutos". Mais generosamente, outro contemporâneo, David Hume, havia comprovado que o negro "pode desenvolver certas habilidades humanas, tal como o papagaio que fala algumas palavras".

A humilhação imperdoável
Em 1803 os negros do Haiti deram uma tremenda sova nas tropas de Napoleão Bonaparte e a Europa jamais perdoou esta humilhação infligida à raça branca. O Haiti foi o primeiro país livre das Américas. Os Estados Unidos tinham conquistado antes a sua independência, mas meio milhão de escravos trabalhavam nas plantações de algodão e de tabaco. Jefferson, que era dono de escravos, dizia que todos os homens são iguais, mas também dizia que os negros foram, são e serão inferiores.

A bandeira dos homens livres levantou-se sobre as ruínas. A terra haitiana fora devastada pela monocultura do açúcar e arrasada pelas calamidades da guerra contra a França, e um terço da população havia caído no combate. Então começou o bloqueio. A nação recém nascida foi condenada à solidão. Ninguém comprava do Haiti, ninguém vendia, ninguém reconhecia a nova nação.

O delito da dignidade
Nem sequer Simón Bolívar, que tão valente soube ser, teve a coragem de firmar o reconhecimento diplomático do país negro. Bolívar conseguiu reiniciar a sua luta pela independência americana, quando a Espanha já o havia derrotado, graças ao apoio do Haiti. O governo haitiano havia-lhe entregue sete naves e muitas armas e soldados, com a única condição de que Bolívar libertasse os escravos, uma idéia que não havia ocorrido ao Libertador. Bolívar cumpriu com este compromisso, mas depois da sua vitória, quando já governava a Grande Colômbia, deu as costas ao país que o havia salvo. E quando convocou as nações americanas à reunião do Panamá, não convidou o Haiti mas convidou a Inglaterra.

Os Estados Unidos reconheceram o Haiti apenas sessenta anos depois do fim da guerra de independência, enquanto Etienne Serres, um gênio francês da anatomia, descobria em Paris que os negros são primitivos porque têm pouca distância entre o umbigo e o pênis. A essa altura, o Haiti já estava em mãos de ditaduras militares carniceiras, que destinavam os famélicos recursos do país ao pagamento da dívida francesa. A Europa havia imposto ao Haiti a obrigação de pagar à França uma indemnização gigantesca, a modo de perda por haver cometido o delito da dignidade.

A história do assédio contra o Haiti, que nos nossos dias tem dimensões de tragédia, é também uma história do racismo na civilização ocidental.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

O Haití é aqui!!



Claudia Aguiar

Recebemos esta noticia triste da ação da natureza no Haiti. Dois milhões de habitantes na cidade destruída, 100.000 mortes, 5% da população local de Porto Príncipe. Um momento de luto planetário.No Haití 80% da população sobrevive com menos de 2 reais por dia.Pobreza total!. Mas será que só enxergamos nossos irmãos quando o sofrimento é tão evidente? Por acaso o Haiti não vive o seu cotidiano cercado de pobreza, falta de dignidade com seu povo? Será que podemos perceber que o Haiti está aqui?
Vamos queridos irmãos acordem!!! O que acontece com o Haití é um reflexo do descaso do que acontece com todo o planeta. São os meninos de rua nas capitais do Brasil, são os nordestinos esfomeados nos interiores , são os nossos irmãos da Etiópia, de Tongo na África. São todos os excluídos, rejeitados, discriminados por uma sociedade que promove o capitalismo como o conceito ideal de viver. Cada um vivendo na sua prisão umbilical, perdendo literalmente de vista( pois os carros são blindados , os prédios enjaulados, os espaços monitorados) a possibilidade de enxergar a ação que o capitalismo selvagem exerce na vida comum de um povo que só precisa se sentir GENTE. Aí vem a Natureza, sábia, confiável e nos mostra que nós somos pequenos mesquinhos diante da grandeza de sua ação. Será que os 15 milhões que o Brasil esta enviando pode melhorar alguma coisa no Haiti, ou o hum milhão e meio de dólares da Alemanha( só? País “capitalmente “ forte?) .O que é ajudar? É dar um jeitinho no que está precisando no momento(inclusive dar um bom ibope!!) mas permitir que este povo viva seu cotidiano à margem da sociedade?
Só posso clamar: "Deus, perdoa-os pois eles não sabem o que fazem” e parabenizar aos Céus a GRANDEZA de Zilda Arns, que fez a passagem em missão, pois com mais de 100 mil mortos, com certeza , LÁ, estão precisando dela para ajudar a alimentar a paz nesses espíritos desencarnados. Deus os abençõe!!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

O que pode ser o "mal"?


Claudia Aguiar

Passamos por experiências que nos trazem questionamentos. Um dos mais comuns é:
O que fazer quando em nosso ambiente familiar tem alguém que vive uma sombra de crueldade? Como se comportar, deve se afastar? Deve ter compaixão e aceitar? Mas isto não corre o risco de ser alvo da maldade do outro? O que fazer?
Como diz o meu amigo Ruy Espírito Santo, o mal é a ignorância do BEM. Quem é ignorante de quem É , perde o contato com o que é essencial e se move dentro da sombra que traiçoa. Na verdade, todos temos um mal parte de nós. Quem nunca sentiu alguma inveja por algo que um outro alguém conquistou e que nós não nos demos a oportunidade? Ou desejou, mesmo que por segundos , que alguém pudesse se dar mal? Ou teve ciúmes, raiva, comeu o melhor pedaço da comida, não ligou para aquele amigo , pois não queria fazer aquele favor, nunca fez uma doação, falou mal de alguém assim que essa pessoa deu as costas, e tantas outras “maldades” que permeia a condição de ser humano. Temos um pressuposto de contemporizarmos as nossas ações e vermos de forma grandiosa o “mal” do outro. Sabe aquela historia da fila indiana? O nosso mal está na mochila das costas, por isto quem esta atrás de nós ver com toda a facilidade . Assim como vemos o que esta na nossa frente, mas a nossa mochila........parece sempre leve!!
Mas como lidar com o mal que pode machucar de maneira contudente? Primeiro aceitando a idéia de que somos todos bonzinhos e mauzinhos. Segundo reconhecendo seu senso de ética. Sua verdade cabe ter ações que preconiza o respeito, a ética, a honestidade, o cuidado, a empatia? A verdade de suas ações estar atenta para que sua vida esteja experienciada no amor, tolerância, sabedoria, honestidade, confiabilidade?
Então se você vive esta verdade, a ignorância do “mal” do outro, não vai ter espaço na sua vida. O seu “segredo” é a sua ação com você mesmo e consequentemente na percepção da relação com o outro. O ‘mal’ do outro pode até tentar, mas a sua verdade impõe o limite da contaminação. O outro pode nunca sair de sua ignorância, mas se você vive sob a luz do conhecimento de si mesmo, você só vai poder olhar para essa pessoa e lamentar muito o que ela não pode ainda construir de bom.E se você consegue partilhar junto com o outro , no mesmo ambiente e se manter leal a quem você É, PARABÉNS!! Você esta conseguindo que sua LUZ seja maior do que sua sombra!!!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Resposta de Rinpoche



Como receber amor?
:: Bel Cesar ::

Em novembro de 2009, Rinpoche esteve em Campos do Jordão para realizar uma série de cerimônias para abençoar o novo "Templo Lama Gangchen do Grande Amor". Foram cinco dias consecutivos de entusiasmo, alegria e reflexão. No último dia, fiz-lhe uma pergunta que creio ser de todos nós: por que temos dificuldade de receber amor? Aqui transcrevo minha pergunta e sua resposta:

Bel: "Todos nós queremos receber amor. Não temos dúvida disso. Mas, na realidade, temos dificuldade de receber amor, mesmo tendo muita atenção. Parece que isso torna-se cada vez mais difícil. Podemos notar que as crianças e os adolescentes estão cada vez mais carentes. Devido à dificuldade de receber amor, nos tornamos fechados e arrogantes, mesmo sem nos dar conta que desta forma ferimos e afastamos aqueles que nos cercam. Parece que algo profundo em nosso interior está bloqueado. Porque nós recebemos amor, mas não conseguimos assimilá-lo. Será que não conseguimos reconhecê-lo? Como fazer para abrir a nossa mente-coração para receber amor?"

Lama Gangchen Rinpoche: "Essa é uma questão muito importante. Com muito significado e muito útil. Mas, não é bem uma pergunta. É algo que temos que praticar para obter a resposta. Como praticar?

Em primeiro lugar, precisamos aceitar aquilo que nos chega. Sabemos que isso não é fácil, mas precisamos aprender, de um modo geral, a aceitar. Para mim, é fácil fazer isso porque as pessoas são muito gentis comigo: aceitam o que eu proponho, me trazem sempre algo para comer, beber, me ajudam a pôr o sapato. Todos estão sempre me ajudando, onde quer que eu vá. Algumas pessoas até ficam com ciúmes de mim por isso. Elas observam e perguntam aos seus parceiros:"Você trata o Lama Gangchen tão bem, porque não faz o mesmo comigo"?

A dificuldade, tanto em dar e como em receber amor, não é um problema da natureza dos pais, das crianças ou dos adolescentes, mas sim de nossa cultura, que busca excessivamente a liberdade sem cultivar a gentileza.

A democracia é um sistema excelente. Está OK buscar libertar-se daquilo que nos oprime. Nós, no budismo, também estamos buscando a liberdade quando queremos atingir a iluminação para nos libertar do sofrimento.

O problema é que estamos contaminados por uma cultura de violência, quer dizer por uma educação de violência. Esta não é uma questão apenas dos pais, mas de nossa cultura que usa os cinco sentidos de modo violento.

Em geral, nosso modo de olhar é violento. É muito difícil receber algo de quem num certo momento nos olha ou nos olhou de modo negativo. Temos que mudar o modo como usamos nossos lindos olhos. Se olharmos para os outros com gentileza, eles irão receber facilmente o que estivermos lhes oferecendo.

Existem tantas formas de amor, com diferentes níveis e nomes. Com o nosso olhar, podemos tocar as mais diversas formas de amor. Mas nós não costumamos dar atenção a isso.

Procurem olhar com amor.

Se nosso olhar é negativo, fazemos mal aos nossos próprios olhos. Primeiro, ficamos com dor de cabeça, depois nossos olhos ficam vermelhos e acabamos usando óculos escuros. Na realidade, passamos a usar óculos escuros porque temos vergonha de nosso olhar violento.

Precisamos aceitar que precisamos fazer esta mudança.

Podemos observar também como não temos dificuldade de receber amor quando alguém nos dá algo com gentileza. Quando os Lamas, os médicos e os terapeutas oferecem algo com gentileza, vocês recebem sem dificuldade. Portanto, vocês sabem receber!

Também, quando oferecemos algo, muitas vezes o fazemos de uma maneira violenta. Como queremos que assim as pessoas recebam o que estamos querendo dar?

Existe a gentileza de dar, assim como a de receber. É preciso em ambos os lados sejam gentis um com o outro. Quando isso ocorre recebemos amor sem dificuldade. Precisamos nos reeducar neste sentido.

O mesmo ocorre com a maneira como tocamos uns aos outros. O toque violento nos faz sentir muito mal, enquanto que ser tocado com amor nos traz um enorme bem estar.

Em geral, falamos e escutamos com violência. Por isso, nossa tendência é a de negar e de reagir contra o que os outros nos dizem. Estamos fechados, bloqueados para escutá-los até quando eles têm algo bom para nos dizer, assim como temos dificuldade de passar algo positivo, pois percebemos que os outros não estão receptivos para o que queremos lhes oferecer.

Em geral, dizemos: "Sim, sim", mas depois fazemos do jeito que queremos. Nossa mente está fechada. Como estamos bloqueados para os outros, não recebemos seu amor.

O problema está em nossa atitude mental e não em nossos cinco sentidos. Por isso, precisamos observar como nossa mente está se expressando por meio deles.
Então, para praticar receber amor temos que cuidar da maneira como usamos nossos cinco sentidos.

Temos tantas meditações, mantras, mudras e visualizações poderosas com os quais podemos usar mesclar a nossa mente com os nossos sentidos de maneira positiva.
Desta maneira, temos a esperança de aprender a receber. Espero que vocês tenham recebido o que eu lhes ofereci aqui estes dias!

Certa vez, me perguntaram: "Como você faz para manter a atenção das pessoas o dia inteiro sentadas te escutando"? Quando usamos os cinco sentidos de forma pacífica, espontaneamente recebemos a mesma energia positiva que retorna para nós mesmos.
Se usarmos nossos cinco sentidos de maneira positiva, estaremos automaticamente praticando a generosidade, porque tudo que nós fizermos será de benefício.

Nossa esperança está em cultivar uma cultura de não-violência. O medo é um sentimento muito forte em nossa sociedade, mas se usarmos nossos cinco sentidos de forma pacífica, faremos uma bela maquiagem em nossa mente. Poderemos nos sentir bem tanto a sós como em grupo. Ficaremos cada vez mais bonitos! Teremos boa conexão com nossa família e com nossos amigos, além de um bom relacionamento com todos os seres".

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Deus é Amor


Deus é Amor - Ruy Espírito Santo

Tal afirmação permanece através dos tempos na mente e no coração dos homens de todas as raças e religiões.
No cristianismo tal assertiva se personifica em Jesus Cristo.
Aquele que encarnou o Amor.
O Filho de Deus.
Aquele que nos ensinou a dizer “Pai Nosso”...
Se o Deus Pai de Jesus Cristo é nosso Pai, nós também somos Filho de Deus.
Ora, se Deus é Amor, nós pela filiação divina também o somos.
A Bíblia afirma que o Homem é a Imagem e Semelhança de Deus.
Assim, temos a convergência de duas afirmações.
Se nossa identidade profunda é o Amor, por sermos Filhos de Deus, daí resulta a nossa liberdade.
A liberdade dos Filhos de Deus...
A liberdade é sempre fruto do Amor.
Desaparecem leis ou limites porque em seu lugar surge a infinita comunhão daqueles que amam...
“Sejam Um como Eu e o Pai Somos Um”, nos diz o Evangelho.
Dentro da Comunhão a liberdade é plena e é sua decorrência...
A busca do nosso Sentido (ou a busca do Amor) é a busca da liberdade ou libertação...

Libertação de todos os medos:
Dos ídolos...
Das divisões...
Da rotina...
Da máquina...
Da técnica desumanizante...
] Dos extremismos...

A liberdade começa a ser vivida com a descoberta do Amor.
Amor gratuito
Incondicional.
Que ouve...
Que espera...
Que se debruça...
Que dá o lugar...
Que se alegra com o bem.

Nascer de novo é uma expressão muito rica do Evangelho.
Nascer de novo significa amadurecer para o Amor...
Significa saborear a liberdade.
Significa o Encontro com o Outro.
Significa o nascer para o Espírito...

Todas as coisas se fazem novas
Quando olhamos com real Amor
Sentindo a ternura do Criador em cada rosa...
Em cada dia de sol
Ou noite estrelada...

Tudo se faz novo quando conseguimos trazer de volta
O sorriso das crianças
O brilho nos olhos dos velhos
O estender de mão ao Outro que passa por nós...

A libertação envolve também aspectos externos
Libertar o Outro...
Libertar da fome...
Da miséria...
Da doença...
Do frio...
Da solidão...
Da prisão...

Muitas vezes esquecemos esta dimensão
E são dois momentos da mesma realidade

De nada adiantaria dar comida, sem amar
Arrancar da miséria, sem acolher
Curar, sem ternura
Vestir, sem abrir os braços
Arrancar da solidão, sem conviver
Tirar da prisão, sem abraçar...

Enfim, de nada adianta nosso trabalho no mundo, se o Amor não lhe der forma
São dois momentos da mesma verdade:
Amar com gestos concretos
Agir com Amor...

Cabe uma pergunta:
Como realizar tudo isso se são tão poucos os “acordados” para o Amor?
Que posso eu?
Diante dos bilhões de dólares de armas, a cada ano?
Da loucura do consumo desenfreado?
Do lixo vindo diariamente pelos meios de comunicação?

A resposta a estas e outras tantas perguntas similares que poderíamos fazer é:
O grande Mistério do Amor e da conseqüente liberdade é a sua gratuidade...
Ninguém “obriga” o Outro a Amar e, portanto a “ser livre”...
Nenhum sistema político abre “por dentro” a espontaneidade de um sorriso...
O mistério de serem tão poucos os que realmente Amam
Passa pela profundidade que isso implica...
O “Nascer de Novo”, “Nascer para o Amor” é um parto que não vai doer na mãe, mas no “nascituro”...

Jesus Cristo foi chamado de “louco” e finalmente crucificado, porque pregava e vivia tais coisas...
Apesar de seus poucos apóstolos, os “grandes” do mundo sentiam o perigo representado pelo “Amor” e pela “ Liberdade” decorrente...
Os adeptos do ódio, da violência e das divisões tentaram “liquidar” essas dimensões pregadas pelo Cristo...
Não conseguiram...
Ao contrário, “os tempos” começaram a ser contados novamente, a partir de Jesus Cristo...
O Amor foi anunciado a todos pela ressurreição de Cristo: o grande temor humano – a morte- foi vencido...
A Luz, ainda que “pequena chama” sempre quebra a escuridão...
A verdade ainda que abafada jamais permitirá ao erro sua permanência...
A vida jamais perderá para a morte...
A paz que jorra do coração de uma criança será um dia perene para aqueles que com ela se fizerem crianças também...

Nisso tudo eu creio
Tudo difícil de dizer
Ou de escrever
Ou de viver
Mas vital que seja gritado numa hora difícil, em que as sombras se agigantam.

Abram os olhos para o universo
Ou mergulhem no infinito microcosmos
E vejam que os limites da Vida jamais serão esgotados por todas as bombas presentes ou futuras...
Por último, nunca esquecer uma derradeira frase de Jesus Cristo, durante a crucifixão, referindo-se a seus algozes:
“Pai perdoai porque eles não sabem o que fazem”...
Sim, somente ignorância conduz tantos a “fugir” do Amor!