Terapia com Amor

domingo, 27 de setembro de 2009


Escutatória - Rubem Alves

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar... Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória, mas acho que ninguém vai se interessar.
Escutar é complicado e sutil. Diz Alberto Caeiro que... Não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas.
Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia. Parafraseio o Alberto Caeiro: Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma.
Daí a dificuldade: A gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor... Sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer. Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração... E precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade. No fundo, somos os mais bonitos... Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios: Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. Vejam a semelhança... Os pianistas, por exemplo, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio...
Abrindo vazios de silêncio... Expulsando todas as idéias estranhas. Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial.
Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos... Pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou.
Se eu falar logo a seguir... São duas as possibilidades. Primeira: Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado. Segunda: Ouvi o que você falou. Mas, isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou.
Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou.
E, assim vai a reunião.
Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia. Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência... E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras... No lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar - quem faz mergulho sabe - a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia... Que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto!

terça-feira, 22 de setembro de 2009



por OSHO


Ser terapeuta


Terapia é basicamente uma função do amor, e o amor somente flui quando não há ego. Você só pode ajudar o outro na medida em que você não é egoísta. No momento em que o ego entra, o outro se torna defensivo. O ego é agressivo; ele cria uma necessidade automática no outro de ser defensivo. O amor é não-agressivo. Ele ajuda o outro a permanecer vulnerável, aberto, não-defensivo. Portanto, sem amor não há terapia.
Terapia é uma função do amor. Logo, com ego você não pode ajudar. Você pode até mesmo destruir o outro. Em nome de ajuda você pode até mesmo obstruir o seu crescimento. Mas a psicologia ocidental está numa bagunça.
A primeira coisa: a psicologia ocidental ainda pensa em termos de um ego saudável. E o ego nunca pode ser saudável. É uma contradição do próprio termo. Ego, em si, é doença. O ego não pode nunca ser saudável. O ego está sempre levando você em direção a mais e mais doença. Mas a psicologia ocidental pensa (toda a mentalidade ocidental tem sido) que as pessoas estão sofrendo de egos fracos. As pessoas não estão sofrendo de fraqueza do ego, mas de muito egoísmo. Mas se a sociedade é orientada pela mentalidade masculina, orientada pela agressividade, o único desejo da sociedade é como conquistar tudo, então naturalmente você tem que abandonar tudo o que é feminino em você, você tem que abandonar metade do seu ser na escuridão - e você tem de viver com a outra metade. A outra metade nunca pode ser saudável, porque a saúde vem da totalidade. O feminino tem de ser aceito. O feminino é o não-ego, o feminino é receptividade, o feminino é amor.
Uma pessoa realmente saudável é alguém que está totalmente equilibrada entre o masculino e o feminino. De fato, é alguém cuja masculinidade foi cortada, destruída por sua feminilidade, que transcendeu a ambos, que não é masculino nem feminino - que simplesmente é. Você não pode categorizá-lo. Este homem é pleno, e este homem é são. E para este homem, no Oriente, nós sempre olhamos como o Mestre.
No Oriente, nós não criamos nada paralelo ao psicoterapeuta. O Oriente criou o Mestre, o Ocidente criou o psicoterapeuta. Quando as pessoas estão mentalmente perturbadas, elas vão à um psiquiatra no Ocidente; no Oriente elas vão à um Mestre. A função do Mestre é totalmente diferente. Ele não o ajuda a atingir um ego mais forte. Na verdade, ele faz você sentir que o ego que você tem já é demais. Abandone-o! Deixe-o ir!
Uma vez que o ego foi abandonado, subitamente você é um, pleno e fluídico. E não há nenhum bloco e nenhum obstáculo...
No Oriente, a nossa abordagem é de que o terapeuta não tem de fazer nenhum trabalho. O terapeuta torna-se simplesmente um veículo para a energia de Deus. Ele tem somente que estar disponível como um bambu oco, de maneira que Deus passe através dele. O curador tem de se tornar simplesmente uma passagem.
O paciente é um homem - aos olhos orientais - que perdeu o seu contato com Deus. Ele se tornou muito egoísta, e perdeu o seu contato com Deus. Ele criou uma tal muralha da China a sua volta que ele não sabe mais o que Deus é, ele não sabe mais o que é a totalidade. Ele está totalmente desconcertado das raízes, da própria fonte da vida. É por isso que ele está doente - mentalmente, fisicamente ou de qualquer outra maneira. A doença significa que ele perdeu a trilha da fonte. O curador (healer), o terapeuta no Oriente, tem como função conectá-lo com a fonte novamente. Ele perdeu a fonte, mas você ainda tem a conexão.
Você segura a mão da pessoa. Ela está escondida atrás de uma parede. Deixe-a estar escondida por detrás da parede. Mesmo se você puder segurar a sua mão através de um buraco na parede... se ela pode confiar em você, ela não pode confiar num Deus, ela não sabe o que Deus significa. A palavra tornou-se sem sentido para ela. Mas ela pode confiar no terapeuta, ela pode dar a mão ao terapeuta. O terapeuta está vazio, simplesmente em sintonia com Deus, e a energia começa a fluir. E esta energia é tão vital, tão rejuvenescedora, que mais cedo ou mais tarde ela dissolve aquelas muralhas da China em volta do paciente, ele tem um vislumbre do não-ego. Este vislumbre o faz são e pleno, nada mais o faz são e pleno.
Portanto, se o próprio terapeuta é um egoísta, então é impossível. Ambos são prisioneiros. Sua prisões são diferentes, mas eles não podem ser de grande ajuda. Toda a minha abordagem sobre terapia, é de que o terapeuta tem de tornar-se um instrumento de Deus. Eu não estou dizendo não saiba o know-how. Saiba o know-how! - mas faça este know-how disponível para Deus. Deixe Ele usá-lo. Aprenda psicoterapia, aprenda todos os tipos de terapias. Saiba tudo o que é possível saber, mas não se prenda- a isto. Ponha isto lá, deixe Deus estar disponível através de você. Permita Deus através de todo o seu know-how, permita à Deus fluir através de seu know-how. Deixe-o ser a fonte da cura e da terapia. Isto é que é amor.
O amor relaxa o outro. O amor dá confiança. ao outro. O amor banha o outro, cura as suas feridas.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009


Entrevista com David Servan-Schreiber


"Não inventei nada"
O neuropsiquiatra David Servan-Schreiber recebeu a Folha de S.Paulo em seu apartamento em Paris, onde falou sobre as idéias expostas no seu livro "Guérir". ( CURAR) Confira, abaixo, trechos da entrevista.
Folha - Segundo o sr., vivemos sob a tirania dos medicamentos psicotrópicos, receitados de forma abusiva para combater o estresse, a ansiedade e a depressão.
David Servan-Schreiber - Muitas pessoas tiveram a vida salva pelos antidepressivos. Hoje, eles provocam muito menos efeitos secundários que no passado. O que não é normal é o desequilíbrio com que são utilizados. Um francês em cada sete toma antidepressivo ou ansiolítico. Nos EUA, cerca de 10 milhões de americanos tomam antidepressivos. Isso é anormal. O lítio e outros medicamentos são muito eficazes. O importante é utilizá-los em casos legítimos e justificados. Essa medicina não reconhece que o corpo e o cérebro emocional têm sua própria capacidade de adaptação e reequilíbrio.
Folha - Em relação à psicanálise, o senhor chegou a dizer que, praticada seguidamente, é uma perda de tempo.
Servan-Schreiber que eu digo é que o objetivo da psicanálise não é curar. E foi Jacques Lacan [1901-1981] quem disse isso. Ele afirmou: "O objetivo da psicanálise é a compreensão de si mesmo, e a cura, quando ocorre, é um benefício em acréscimo". Eu sou médico, e o que me interessa é a cura. Toda minha vocação e meu interesse pela medicina está em aliviar o sofrimento. É bastante presunçoso escrever um livro com o título "Guérir" ["curar"], mas me permiti fazê-lo porque a definição de cura é muito simples: quando os sintomas da doença desaparecem e não retornam. O que constatei —e está nos livros científicos— é que vi repetidamente pessoas serem curadas desses males por esses métodos naturais, e os sintomas não reapareceram. Então, pode-se falar de cura. Apresente-me um estudo sobre a psicanálise que mostre isso. Não conheço nenhum. Mas não se trata de dizer que a psicanálise é uma perda de tempo. Depende do que você quer.
Folha - Por que falar, hoje, da medicina de "autocura pelo corpo"?
Servan-Schreiber - Se eu corto o dedo e provoco uma ferida, em alguns dias ela estará cicatrizada, e logo nem saberei mais onde foi o corte. No cérebro emocional, temos os mesmos tipos de mecanismos de adaptação, de cicatrização, que podem ser aprendidos por métodos naturais. Passei 20 anos estudando o cérebro. Pude constatar a eficácia desses métodos naturais de tratamento, os quais nunca me foram ensinados na universidade. Quando constatei que esses métodos funcionavam, e ainda melhor se comparados aos métodos tradicionais que havia aprendido, resolvi falar deles. Mas não inventei nada. Tudo o que está no meu livro são métodos já citados na literatura científica.
Folha - O que é essa "nova medicina emocional"?
Servan-Schreiber - A idéia central não é minha, mas, sobretudo, de António Damásio, que é para mim o maior neurocientista do mundo. Nos seus livros, ele diz que as emoções são emanações de tudo que se passa no corpo. A emoção é a sensação percebida do estado da fisiologia. Não há nenhum sentido em separar as emoções do que ocorre no corpo. Se vamos até o fundo da tese de Damásio, devemos passar pelo corpo, pelo estado da fisiologia, para transformar e curar os problemas das perturbações emocionais. O controle da coerência cardíaca, a hipnose usando os movimentos oculares, a terapia pela luz e pela simulação do nascer do Sol, a acupuntura, a nutrição, o exercício físico e também a importância do afeto, tudo isso são formas para aprender a utilizar o cérebro emocional e entrar em conexão para colocar a fisiologia no seu estado ótimo. Eu pego as idéias de Damásio e as levo até o limite, coloco sua teoria em prática. Aliás, é o que ele mesmo diz.
Folha - Alguns dos métodos que o sr. prega foram modismo nos anos 60 e 70, período fértil em terapias alternativas e de difusão do ioga e da acupuntura. A que o sr. credita o sucesso de seu livro hoje?Servan-Schreiber - A primeira razão está relacionada ao fato de que se ouviu muito falar desses métodos por pessoas que não tinham credibilidade científica. O que interessava ao público era ouvir alguém como eu, que comandou o serviço de psiquiatria num hospital de uma grande universidade ortodoxa de medicina convencional, falando sobre isso. A mensagem nova foi alguém assim dizer que há coisas na literatura científica que funcionam bem e não são utilizadas como poderiam. Outra razão está relacionada a um movimento planetário, em que as pessoas desejam uma indústria não poluente e que produza, mesmo assim. Elas desejam uma agricultura que as alimente, mas que não as envenene. E o mesmo vale para a medicina, que utilize as capacidades do corpo para se reequilibrar, e que seja uma medicina "ecológica", natural.
Folha - Em resumo, seus métodos não trazem nenhuma novidade, mas a comprovação científica de técnicas já conhecidas.
Servan-Schreiber - A idéia de que se pode ser curado pela nutrição não é nova. Hipócrates já dizia isso. Acupuntura, nutrição, exercício físico, nada disso é novo. A coerência cardíaca é inspirada em tipos de meditação que datam de 5.000 anos. O novo é que começamos a ter estudos científicos que mostram que os métodos funcionam. Graças às novas técnicas de obter imagens do cérebro em atividade, começamos a entender como funciona a acupuntura, como certos pontos podem anestesiar o centro de ligação da ansiedade no cérebro. Isso é apaixonante. Na questão da nutrição, começamos a perceber no nível bioquímico a importância dos ácidos graxos ômega 3 na própria constituição das membranas neuroniais, no equilíbrio emocional e no controle das reações de inflamação no corpo. Isso é revolucionário. Sabíamos que a nutrição era importante, mas não com tanta precisão. O estudo sobre o papel dos animais de companhia no equilíbrio emocional data dos últimos cinco anos. Não é nenhuma novidade dizer que ter um gato ou um cachorro faz bem. Mas, sem os estudos científicos, não podíamos recomendar isso num dossiê médico no hospital. Por isso me senti capaz de colocar tudo num livro, com argumentos que pudessem convencer os leitores. Os estudos científicos são novidade, mas a maioria dos conceitos são antigos.
Folha - E quanto à coerência cardíaca?
Servan-Schreiber - A noção de coerência cardíaca é nova. Há uns 15 ou 20 anos compreendemos a importância da variabilidade do ritmo cardíaco em cardiologia. Mas sua compreensão no controle das emoções, sua importância para o controle do cérebro, começou a ser compreendida há cinco anos. Data de milênios a idéia de que se pode controlar o corpo pela respiração e pela concentração. Os budistas, por exemplo, compreenderam isso há 2.500 anos. Mas compreender como ela atua e precisar como se pode fazer isso da forma mais eficaz possível é que é novo.
Folha - O tipo de hipnose citado, que trabalha com a reprogramação dos movimentos oculares, pode realmente ajudar a resolver problemas emocionais?
Servan-Schreiber - A idéia de que se pode utilizar o movimento dos olhos e focalizar no corpo para estimular os mecanismo de digestão dos traumas emocionais foi inteiramente desenvolvida por Francine Shapiro, na Califórnia, em 1982. Há 14 estudos devidamente testados que provam esse método, recomendado por instituições médicas em vários países. O método foi aceito pelos ministérios da Saúde da Inglaterra, da Irlanda e de Israel. Mas ainda é algo bastante controverso. Há muitas pessoas que, apesar dos estudos científicos, não querem acreditar que funciona, porque não entendem como funciona.
Folha - O senhor diz que os Estados Unidos destinam anualmente US$ 115 milhões para experimentação e avaliação desses métodos. Há um grande atraso nessas pesquisas nos demais países?
Servan-Schreiber - A França é um caso particular, porque o público é extremamente aberto, e as instituições, extremamente conservadoras. Há uma tensão incrível. Era o caso nos EUA, e foi preciso um grande esforço para chegar aonde se está hoje. Foram os parlamentares que obrigaram o Instituto Nacional de Saúde americano a criar um centro de pesquisas sobre as medicinas complementares. Depois, a coisa decolou. Nunca houve um aumento de orçamento tão rápido. Começou com US$ 1 milhão por ano, em 1992, para chegar a US$ 110 milhões, em 2002.Folha - O senhor relata no livro experiências realizadas em empresas. Existe algum programa de utilização desses métodos nas escolas?Servan-Schreiber - Sei que existe um projeto em estudo pelo Ministério da Educação da Grã Bretanha envolvendo cerca de 40 mil alunos, para ensiná-los a praticar a coerência cardíaca para melhor administrar suas emoções e suas próprias capacidades de concentração. Por enquanto, ainda é um projeto piloto.
Folha - Suas teses têm provocado polêmica na comunidade científica?
Servan-Schreiber - Até agora, não houve um verdadeiro debate na França. Na Suíça, há neurologistas e psiquiatras que discordam das minhas teses. Fico extremamente contente com esses debates. A principal crítica que recebo é do tipo "se tudo isso fosse verdade, todos saberiam", e não aceito esse argumento. Tudo já é sabido, está escrito nos livros científicos, mas o problema é que há pouca motivação para desenvolver essas técnicas. Não se pode patenteá-las, pois são técnicas naturais. Ninguém poderá patentear os peixes que têm ômega 3, o controle da respiração, a acupuntura, os exercícios físicos, o afeto, a luz, a hipnose. Portanto, não se poderá ganhar dinheiro com essas patentes, o que é uma motivação a menos. Em segundo lugar, todos esses métodos exigem muito mais tempo do médico do que escrever uma prescrição de Prozac, que leva dois minutos.
Folha - O seu discurso, por vezes, assemelha-se a aforismos budistas.
Servan-Schreiber - Gosto bastante da expressão "mind-body medicine" ["medicina do corpo e da mente"]. Ela define a integração do que existe de melhor na medicina convencional com o que funciona nessa medicina que utiliza as capacidades de autocura do organismo. Mas não é preciso se tornar um budista. Estive recentemente num debate com o dalai-lama [líder espiritual do budismo tibetano], em Boston, e ele disse ao final de sua conferência: "Você não precisa crer na reencarnação, no nirvana ou nas divindades budistas. Comece simplesmente tendo mais emoções positivas do que negativas e a concentrar seu espírito e sua atenção nisso. Já assim você começará a ser um ser humano muito mais evoluído".

ENREVISTA LEGENDADA NO YOU TUBE:http://www.youtube.com/watch?v=9AfuDVvhe4I

segunda-feira, 14 de setembro de 2009


Vi este filme extraordinário. A partida nos proporciona uma reflexão em perceber a vida, através do momento da despedida.O ser que se foi, se faz presente na dor da família, no amor, na culpa, na vergonha, no acolhimento e na gratidão.E este momento sutil, faz pensar sobre a reverência por aquele que se foi e a possibilidade de viver com um sentido de existência amoroso, por nós mesmos e por aqueles que fazem parte da nossa caminhada.Experenciar esses momentos,leva o personagem, a refletir e resgatar sua própria vida.Assistam e se quiserem, depois comentem, vou adorar saber como vocês se sentiram, um beijo ,Claudia

No youtube tem um trailer legendado :http://www.youtube.com/watch?v=rrPSbgKH9vU


Aprendemos a cada instante


Como vencer a dor, se permanecemos algemados a ela?Como enxergar dias melhores, se nossa janela íntima permanece fechada?Como ser banhado por novas sensações, se nossa alma encontra-se trancada?E como ser envolvido por essa poderosa cúpula de proteção, se não acreditamos?Nos abalamos pelas provas, mas esquecemos de compreender que elas fazem parte do nosso processo evolutivo e por isso devem ser encaradas, porque já podemos enfrentá-las e muito aprender.Também devemos compreender que se estamos num mundo de provas e expiações, é porque ainda não somos perfeitos, então por que nos angustiamos, exigindo a autoperfeição?

Aprendemos a cada instante, mas ainda há muito a ser aprendido.Busquemos como Santo Agostinho, a cada noite refletir, analisar o que foi feito, reconhecer enganos e erros, em vez de nos martirizarmos. Vamos trilhar na manhã seguinte um novo rumo, buscando agora pelos acertos.Foi o que Paulo de Tarso fez depois de se reerguer do chão na entrada de Damasco.Buscou por um novo caminho e no final de sua jornada, ao olhar para trás, compreendera o quanto havia evoluído, que os erros foram resgatados, que vencera a cegueira espiritual e que havia sim, combatido um bom combate e encontrado a paz do Mestre Jesus.E isso só foi possível porque teve acima de tudo fé aliada a perseverança.Com ambas foi adiante, transformando o deserto que habita o seu ser em um caminho florido que levava ao Nazareno...Saibamos que se não pudermos fazer o melhor que a situação solicita, lembremos de fazer o melhor que podemos, sim, podemos fazer algo, o nosso melhor e aos poucos, vamos progredindo espiritualmente e sendo capazes de mais realizar em nosso caminho.Assim, não vamos ficar presos aos erros, às fragilidades que todos temos, porque isso só atrasa a nossa jornada, só impede o nosso crescimento espiritual.Vamos também nos amarmos uns aos outros, como o Mestre tanto exemplificou, levemos esse amor aos que encontrarmos, por que ficarmos esperando pelo amor, se já podemos amar, se já podemos semeá-lo?Por que nos ofendermos se não recebemos um sorriso? Por que, então, não sermos nós aquele que sorri?Se o outro não é capaz de saber o que se passa no nosso íntimo, também não somos capazes de saber o que o aflige, o que o entristece.Em vez de julgarmos, levemos esperança e sejamos envolvidos por novas sensações, porque onde o amor se encontra tudo se transforma...Sonia Carvalho

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Os Cinco Níveis de Adoecimento e Cura - As Bases para uma Medicina Integral
Dietrich Klinghard, MD, PhD
Tradução e adaptação: Eduardo Almeida

Muito do que aqui será dito faz parte da percepção das pessoas e não precisa explicações adicionais. O próprio conceito de níveis de cura não é recente, e existe referência disso há mais de dez mil anos nos sutras yoga de Patanjali. Podemos dizer que este artigo é uma tentativa de expressar este conhecimento antigo em palavras de hoje.

Primeiro Nível - O corpo físico

O corpo físico está na base do sistema. Por estar na base, não significa ser menos importante. Na verdade, no conceito de níveis de cura não existe nível mais importante, todos têm o mesmo potencial de harmonizar/desarmonizar o sistema. O corpo físico é a fundação sobre o qual os outros níveis se ancoram e se sustentam. Ele é a nossa conexão com a terra e fonte da energia física. O corpo físico
mantém a identidade com o que vemos, sentimos (tato e paladar), ouvimos e cheiramos. Ele termina na pele.

Segundo Nível - O corpo Eletromagnético

O corpo eletromagnético é a soma da bioeletricidade e do eletromagnetismo gerados pelos sistemas orgânicos, principalmente o sistema nervoso, e pelo processo vibratório dos elementos do organismo submetidos ao campo eletromagnético de Terra. Muitos nervos somáticos e autônomos conduzem corrente no sentido longitudinal ao eixo corporal, e essas correntes se espraiam como campos elétricos ao longo dos nervos. O campo magnético produzido se estende no sentido perpendicular ao eixo. Mesmo que sua força diminua com a distância de sua origem, ele ainda se projeta para além da pele. Teoricamente este campo biomagnético se estende ao infinito.

Terceiro Nível - O corpo Mental

O chamado corpo mental se estende ao infinito, ficando abaixo do outros dois níveis superiores que já se encontram no plano transpessoal. O corpo mental seria o nível mais superior do plano pessoal. Apenas matematicamente se é capaz de conceber a expansão dos níveis superiores.
A prática terapêutica cotidiana revela existência de certas ordens e regras a governar a relação entre os cinco níveis. Elas emergem e se tornam óbvias. Assim, cada nível tem as suas leis e sua própria ordem que precisam ser compreendidas.
Cada fenômeno que observamos no plano físico ocorre simultaneamente nos outros quatro níveis. Na verdade, o corpo físico está desenhado como uma tela de computador que torna visível e tangível o que acontece nos níveis superiores. Entretanto, se pode ter problemas em níveis superiores que ainda não se manifestaram nos níveis inferiores. Isto é bem conhecido na Acupuntura, onde os fenômenos de segundo nível (corpo eletromagnético) são percebidos através do exame do pulso e da língua, antes do aparecimento dos sintomas. Em certa tradição da medicina chinesa o médico só recebia pelo seu trabalho, quando ele conseguia detectar e resolver o problema ainda no segundo nível, sem comprometer o corpo físico.

Quarto Nível - dream body

O nível mais elevado onde a interação terapeuta-cliente é ainda possível, é o quarto nível - tem sido chamado de "dream body". O quinto nível é o plano da auto-cura, e está no plano do corpo espiritual. Neste plano, a única relação possível é entre Deus e o indivíduo, não existe espaço para a intermediação do terapeuta. O médico, o psicólogo ou o guru que diz atuar neste nível (quinto nível), está sendo arrogante, perigoso, ou simplesmente equivocado. Qualquer pessoa que verdadeiramente teve contato neste nível, quase sempre assume atitude de profundo respeito, e integra uma experiência que não pode ser expressa através da palavra. Pessoas que falam freqüentemente sobre Deus, Anjos, e outras experiências espirituais são suspeitas, pois o contacto com o nível espiritual é uma experiência solitária, indescritível, que só faz sentido para aquele que o “experienciou”. Não existe a pulsão de se ficar alardeando tal experiência.
Os seguidores da "New Age" têm freqüentemente problemas familiares não resolvidos e culpa (tanto oriunda do sistema familiar ou como fruto da sua própria caminhada). A dor e o trabalho necessários para a cura são freqüentemente evitados pelo envolvimento em práticas espirituais de sublimação, que quase nunca resolvem o problema real.
A verdadeira cura requer simultaneamente trabalho nos três níveis. O corpo físico (primeiro nível) é o território da medicina convencional e da medicina ortomolecular, pois ambas comungam do paradigma bioquímico, ou seja, do pensamento que admite que o funcionamento corporal e a própria vida, podem ser, em última análise, explicados pelos processos físicoquímicos que ocorrem ao nível celular.

Caso clínico:

Primeiro nível
Vamos tomar como exemplo o caso de uma jovem com o diagnóstico clínico de anorexia nervosa. Nós sabemos que aproximadamente 85% desses pacientes possuem déficit de Zinco. Assim, o diagnóstico de primeiro nível seria "deficiência de Zinco". As leis que governam esse nível costumam ser leis bioquímicas e mecanicistas. Se administrarmos suplemento com Zinco, a paciente provavelmente ficará razoavelmente bem.

Segundo Nivel
Entretanto, se abordamos a paciente considerando o segundo nível (corpo eletromagnético), nós podemos descobrir que ela possui uma síndrome de má absorção causada pela hiperatividade do sistema simpático do plexo celíaco, que leva a uma vasoconstricção dos vasos linfáticos e sanguíneos do tubo digestivo. Esta condição pode responder bem à Acupuntura ou à Neural terapia. A paciente começaria a absorver Zinco dos alimentos novamente e corrigiria o seu déficit sem suplementação. O segundo nível tem um efeito organizador sobre o primeiro. As leis que operam neste nível, são as leis naturais da Neurofisiologia e da Biorregulação (Acupuntura, Kinesiology, Homeopatia, Biorressonância, Eletroacupuntura de Voll, Vegatest, etc).

Terceiro nível
Se caminhamos no sentido do terceiro nível (corpo mental), essa jovem mulher pode ter um conflito não resolvido em relação à figura do pai, ou teve um pai opressivo durante a sua infância. Essa "memória não resolvida" permanece em seu sistema límbico e estimulará o hipotálamo a enviar mensagens estressantes para o plexo celíaco. Ao se detectar e resolver esse problema através da Kinesiologia, por exemplo, se elimina esse foco do sistema límbico. O gânglio celíaco se estabiliza e a paciente começa a absorver o Zinco novamente. O terceiro nível tem um efeito organizador sobre o segundo e primeiro níveis. Vice e versa, sem a absorção de alimentos (primeiro nível), e o funcionamento do sistema nervoso autônomo (segundo nível), a paciente não teria energia necessária para o funcionamento da mente e para o trabalho mental de cura. Ou seja, a energia necessária para os trabalhos de cura vem dos níveis inferiores. As leis que governam o terceiro nível são as leis naturais simples que gradualmente têm sido redescobertas pela psicoterapia moderna: amar e cuidar da criança, prover a oportunidade para o aprendizado, dar segurança e calor humano. Cada violação dessas leis tem conseqüências, e levam a reconhecidas distorções mentais, no sistema nervoso e no sistema imune (sistema Neuroimunoendocrino).

Quarto nível
Retornando ao quarto nível, podemos especular, usando a constelação familiar típica de uma jovem mulher com anorexia nervosa, o seguinte: invisível para aqueles que estão fora, inclusive para a criança na família, o pai da paciente foi fortemente rejeitado pela esposa (mãe da criança), e sutilmente a moveu para fora da família. A paciente por seu lado é inconscientemente leal ao pai rejeitado, e nutre a crença mágica de que se ela desaparecer, o pai permanecerá na constelação familiar. "Eu abandono por você" é a crença e afirmação sinal da sua lealdade e profundo amor pelo pai. A anorexia é uma fórmula para a paciente desaparecer. O comportamento opressivo do pai (comportamento pertence ao terceiro nível) foi sua maneira de responder à sua rejeição pela esposa, que por sua vez desperta e reestimula seus problemas de infância não resolvidos. O terapeuta pode facilitar a cura nesta situação, através de uma condução que levará a paciente a perceber e a dizer em cessão terapêutica para o pai, que não precisa estar presente, mais ou menos o seguinte: "querido pai, o que aconteceu entre você e mamãe não é da minha conta. Eu sou apenas sua criança. Você já é experiente e eu sou uma criança. Eu tenho certeza de que você pode tratar desse problema diretamente com mamãe"; para mãe diria: "querida mãe, eu sou apenas sua criança. Por favor, olhe carinhosamente para mim quando estou com meu pai. Ele é o pai que eu tenho".
A cura neste nível (quarto) leva freqüentemente ao desaparecimento instantâneo de conflitos associados não resolvidos no terceiro nível e, no caso da jovem, ao desaparecimento da disfunção do gânglio celíaco e melhora da absorção de Zinco. Novamente, a energia necessária para o processo de cura tem que fluir de baixo para cima, a partir do primeiro nível. Intervenções nos três níveis funcionariam como catalisadoras para o trabalho no quarto nível. As leis que governam o quarto nível são leis e ordens da Terapia Familiar Sistêmica desenvolvida por Murray Bowen and Bert Hellinger: "numa família cada membro tem o direito de pertencer. Se alguém nega esse direito a um dos membros, um outro membro tenta compensar a família pela sua auto-exclusão". Os dez mandamentos da Bíblia podem ser vistos como uma tentativa de formular leis que operam neste nível. Outras leis são discutidas no livro de Hellinger "A Simetria do Amor Oculto". Um sistema familiar é a reunião de pessoas geneticamente ligadas das últimas três gerações e todos os seus respectivos parceiro(s).

Quinto nível
O que dizer então sobre o quinto nível (corpo espiritual)? Aqui são poucos os comentários, apenas uma dica: seria um bom começo, se após a resolução de um problema físico, ambos, médico e cliente voltassem internamente e para o alto numa atitude de agradecimento. O paciente deve aproveitar o seu ganho de saúde e vitalidade, e trabalhar até o quinto nível. Simplesmente orar ou meditar pode ser suficiente, mas às vezes não. Se o trabalho no quinto nível não for completado poderá haver uma recorrência gradual da condição de adoecimento. As leis que são operativas neste nível nos são gradualmente reveladas com a maturidade.

Conclusão:
A Teoria dos Cinco Níveis de Adoecimento e Cura pode ser de grande valia para se entender em profundidade o que deveria ser uma verdadeira medicina holística. Oferece ao terapeuta um mapa que torna a navegação mais fácil no mar às vezes caótico das terapias. Cada nível tem suas próprias leis que devem ser compreendidas. Os três primeiros níveis pertencem ao plano do pessoal. O quarto e quinto níveis pertencem ao plano do transpessoal. Cada nível superior organiza os níveis inferiores. Os níveis inferiores fornecem energias aos níveis superiores.

Algumas conclusões práticas para se levar uma vida saudável e orientar o cliente em direção ao bem-estar:

1. Dedique o melhor dos seus esforços no sentido de curar a sua própria família. Não descanse até que haja amor e respeito entre os membros de sua geração e duas gerações antes da sua. A "família" inclui crianças que morreram precocemente, abortos, maridos que foram excluídos após o divórcio, mães que morreram no parto, tios que morreram na guerra, etc.. A cura envolve a todos que estão vivos e mantêm memória amorosa com àqueles que se foram.

2. Nutra de energia os três primeiros níveis: alimente-se bem, durma corretamente, pratique exercícios físicos, tome suplementos nutricionais. Nutra o seu corpo eletromagnético com massagem, acupuntura, neuralterapia, banhos de cachoeira, ouça boa música, pratique yoga e Tai Chi. Visite o terapeuta para ajudá-lo a resolver dificuldades no plano mental

3. Faça suas introspecções para contatar o quinto nível. Não siga nenhum conselho. Arranje tempo e lugar para ficar só. Você precisa apenas de "você todo" para fazer isso.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Ola queridos companheiros de jornada!!

Imagine, que agora resolvi montar este blog!! fiquei pensando: será que devo mesmo? e porque não? porque não falar para as pessoas como ela são importantes e de como podemos facilitar para que esta importãncia se torne evidente. Poder partilhar experiências, leituras, filmes, aprendizados que nos favoreçam a nos tornarmos seres humanos cada vez mais apropriados. Perfeito? ah, claro que não!! senão ate o mestre Jung, daria pulos em seu habitat atual se quisessemos esta presunção. Não, que perfeitos!! apenas integrados com o que somos. Sabendo que temos a sombra nos permeando, a sombra do egoísmo, da inveja, da preguiça, da indolência e por aí vai.....mas que podemos reconhecê-la.... e nos aliarmos a ela... e integrá-la em nós e aí sim , podermos fazer escolhas que são cconsciente as nossas limitações e verdades.
Ah, como é bom ser o que é!! usando as máscaras só para poder não atrapalhar tanto as relações, mas com o conteúdo de si mesmo. Ao integrar a sombra , podemos nos ver importantes, pois ninguem é melhor ou pior de quem somos, pois a sombra é parte de todos nós.
E vc , que esta lendo , esta conseguindo olhar bem direitinho para este espelho e ver o lado esquerdo de quem é?